sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Mudança

Tenho percebido uma mudança significativa no Brasil. Não, não falo dos numeros do governo Lula, do debate político, que por incrível que pareça é um dos mais politizados da história brasileira. Me refiro a uma forma diferente de enxergar a realidade que ainda não é muito discutida e nem comentada pelos meios de comunicação e pelos grupos de comportamento. A três anos atrás propaganda de cerveja era com mulher pelada e só, hoje a nova propaganda da Brama trás mulheres vestidas dos pés a cabeça e ainda pensando e agindo como mulheres emancipadas. Para um país que a bem pouco tempo tinha em sua lei um artigo dizendo que era possível se separar da mulher se ela não tivesse "honra" é uma vitória fantástica, ver nos bares as meninas de 19, 20 anos chegando nos rapazes e  conversando de igual (lógico que não é todas) é algo impensado no ano 2000, quando ainda estava em vigor a dita lei da "honra".
 Quero acreditar que essa é uma mudança sem volta, mas sou tentado a ser pessimista e crer que isso pode ser um fator passageiro. Ao ver a eleição para presidente do Brasil constato que vai além da briga política de sempre, sobre duas formas de governar, é também uma maneira  de sentir nova que pode estar nascendo.
 Em um país machista e reacionário como o Brasil eleger e ter de ser governado por uma mulher é algo novo, inusitado e admirável. A propaganda de José Serra tende a velar sua crítica a campanha da Dilma Roussef através de um discurso sentimental e sem respaldo na realidade política. Apelando para a ideia ainda muito presente de que  a figura feminina é vista como mãe, carinhosa, trabalhadora, em dois e até três períodos (por ter de cuidar da casa), essa campanha vergonhosa esconde que, por exemplo, ele não fala nunca da emancipação feminina, dos direitos dos homossexuais, dos negros (aliás negro na propaganda de Serra só aparece como coadjuvante). Por se esconder em um discurso retórico, que apela diretamente ao sentimento humano, ele esconde até o presente momento de boa parte da população que não tem plataforma de governo, é só olhar que seu plano de governo no T.S.E. (Tribunal Superior Eleitoral) são três discursos proferidos na pré-campanha.
 Tenho a convicção de que essas mudanças sociais e mentais da sociedade brasileira tenham a possibilidade de concretizarem-se e ainda serem ampliadas. Para isso uma das maneiras mais rápidas e seguras disso continuar a acontecer é  Dilma ganhar essa eleição para presidente, mostrando assim que a mulher tem sim direitos de se emancipar em todos os níveis.