Não, não é irrelevante pensar-escrever-falar sobre o nada.
No nada tem-se o oposto do tudo.
Tudo o que ser quer hoje em dia é dinheiro e férias constante.
Tenho um amigo que não tem dinheiro e precisa trabalhar todos os dias.
Trabalha guardando carros se pretende sobreviver na selva de pedra em que confortavelmente transitamos.
Ele, de acordo com o padrão atual, é um nada.
É o nada que não vemos quando vamos ao show.
Não ouvimos quando pergunta se pode guardar o carro.
Não imaginamos rindo, chorando ou fazendo qualquer outra coisa que um ser humano normal faz.
Se um guardador de carros vem chorando, por qualquer motivo, e nos interpela sobre se pode guardar o carro, logo achamos que está fazendo cena.
"- Um drama para poder ganhar dinheiro", dizemos.
Ele não pode ter sentimentos.
Tem de ser uma máquina.
Que adivinha como e de que forma tem de nos abordar - pedir permissão para trabalhar. Quantas pessoas tem de pedir permissão para trabalhar?
Alguns são convocados a trabalhar, outros vão trabalhar e pronto.
Já os "marginais" guardadores de carros tem de pedir pemissão.
Quem é nada tem de implorar para trabalhar.
Nada.
O nada não é visto.
Ao sair para dar uma volta Vi meu AMIGO dormindo em um banco próximo ao local em que trabalha.
Encolhido e escondido para NÃO ATRAPALHAR.
As pessoas de bem não querem ver suas vegonhas.
Não tinha dinheiro, nem eu nem ele, não podia ajudá-lo em nada
Fico pensando
Em nada
Assim como quando passam por um mendigo e não o vêm. Tornaram-se invisíveis. Só tornam-se visíveis, quando de uma forma ou de outra, atrapalham o cotidiano. Seja pra pedir dinheiro, seja pra que o permitam trabalhar.
ResponderExcluirótimo poema.